Os fogos florestais provocam maiores danos em concelhos despovoados, com menos bombeiros ao dispor na região e com baixa despesa municipal para o ambiente. A conclusão está numa investigação dos professores Paulo Reis Mourão (foto abaixo), da Escola de Economia e Gestão da Universidade do Minho, e Vítor Martinho, da Escola Superior Agrária do Instituto Politécnico de Viseu, que avaliaram os incêndios e áreas ardidas nos municípios portugueses de 2000 a 2011.
Trata-se de um dos primeiros estudos a avaliar uma grande variedade de fatores socioeconómicos neste âmbito. Os investigadores confiram que os fogos florestais alastram mais em áreas desertificadas, mas alastram também nas áreas onde escasseiam os operacionais de combate por quilómetro quadrado de atuação imediata, ou seja, os poucos efetivos existentes no respetivo concelho e nos concelhos vizinhos. A investigação propõe o combate aos fogos através de uma gestão integrada entre bombeiros e o voluntarismo dos cidadãos e associações. Paulo Reis Mourão, um dos investigadores, realça que a fraca aposta dos municípios na prevenção ambiental é outro critério que potencia danos florestais avultados, como a perda irreparável da vida de bombeiros e civis até aos longos períodos de reflorestação, com a quebra de rendimentos de proprietários afetados e a desvalorização de ativos públicos e privados. O estudo sugere uma melhor gestão das matas a nível infra e supramunicipal, a articulação de proprietários, associações, corporações e Proteção Civil em planos de sustentabilidade ambiental e um quadro legal mais eficaz.
O trabalho, intitulado "Choices of the fire: debating socioeconomic determinants of the fires observed in portuguese municipalities", foi publicado na revista "Forest Policy and Economics". Trata-se de um dos primeiros estudos a avaliar uma grande variedade de fatores socioeconómicos neste âmbito.No verão passado morreram nove bombeiros e arderam mais de 140 mil hectares de floresta. A serra do Caramulo foi das mais afetadas. A época de fogos mais crítica começou a 30 de junho e, desde janeiro, já se registaram quase 4000 incêndios. O combate este ano é feito com mais meios e com a maioria dos 9700 bombeiros melhor preparada e mais protegida.
Estudo completo aqui.