No dia em que o escritor barrosão Bento da Cruz, já falecido, assinalaria o seu 92.º aniversário, o município de Montalegre voltou a render-lhe homenagem.
O executivo municipal, família e amigos rumaram à aldeia natal, Peireses. Para sinalizar a passagem, na sepultura, foi colocada uma coroa de flores traduzida num gesto de saudade. Já no salão nobre da Câmara Municipal, realizou-se a apresentação do livro "Barroso - Resgate da Memória na obra de Bento da Cruz" da autoria de António Chaves. O dia ficou marcado por sentidos gestos e palavras em honra do maior escritor do Barroso. A 22 de fevereiro, data que marca o aniversário de Bento da Cruz, que faleceu em agosto de 2015, a autarquia voltou a lembrá-lo com saudade. A homenagem iniciou em Peireses, a aldeia que o viu nascer e onde durante alguns momentos, diante da sua sepultura, foram exaltados excertos da sua obra. A jornada terminou no salão nobre da autarquia onde decorreu apresentação do livro "Barroso - Resgate da Memória na obra de Bento da Cruz" da autoria de António Chaves. Uma obra que retrata os valores culturais descritos por Bento da Cruz. No final da cerimónia, o momento de felicitar o Padre Fontes que, no mesmo dia, completou 77 primaveras.
Orlando Alves, presidente da Câmara Municipal de Montalegre, considera que a apresentação de um livro que «pode ser uma monografia interessante do concelho» é uma forma muito nobre de «honrar a memória do maior escritor de Barroso». O autarca lembrou a escrita única de Bento da Cruz com «um estilo simples» onde «cada palavra tem um contexto erradicado no dialecto barrosão e nas vivências da nossa terra». Foi «um dia em cheio e uma forma muito solene de honrar Bento da Cruz», rematou o presidente do município.
TEM A PALAVRA
David Teixeira | Vice-presidente da Câmara Municipal de Montalegre
«Falar de Bento da Cruz é falar de Barroso e falar de Barroso é incontornavelmente falar de Bento da Cruz. No aniversário, é obrigatório recordar a sua memória e a sua obra. É um marco de um ano de celebrações em que a sua obra foi amplamente divulgada. Para o município de Montalegre, significa o arranque do prémio literário. Ninguém retrata o Barroso, como Bento da Cruz retratou. Será uma forma de não deixar esquecer este nosso escritor e pegar no seu legado e provocar muitos dos grandes estudiosos no sentido de se debruçarem sobre o nosso território e sobre a sua obra».
Fátima Fernandes | Vereadora da educação da Câmara Municipal de Montalegre
«Ser apresentado um livro que versa a sua obra é a melhor homenagem que podemos fazer ao maior escritor da nossa terra. É a melhor maneira de celebrarmos a vida e a obra de um homem que nos marcou. Deixou-nos um legado impressionante que as gerações mais novas vão aproveitar. Todos temos saudades de Bento da Cruz, de ler as suas crónicas, do seu ar sereno, do seu olhar perscrutador porque era um homem inteligente, que observava. Podemos sempre lembrá-lo na sua obra e nas lembranças que cada um tem dentro de si e que temos a obrigação de recriar para os outros e de multiplicar».
António Chaves | Autor do livro
«Por um lado, tenho o sentimento de dever cumprido e por outro gostaria de ter aprofundado alguns pontos essenciais no livro. É um dia especial pela memória de um homem que foi um grande analista da sociedade barrosã. Deixou maneira de podermos ver como construir o futuro assente nos valores culturais da região. Precisamos de saber interpretar o que vemos e acreditarmos em nós mesmos».
Padre Fontes
«Foi uma tarde em memória do amigo Bento da Cruz. Sonhamos com um Barroso florido, farto e repovoado. Que seja um ato de reflexão sobre a nossa terra».
Manuela Cruz | Filha de Bento da Cruz
«Não tenho grandes palavras para dizer nem o dom da palavra. Tenho apenas o dom de ser filha de quem sou».
Emanuel Cruz | Filho de Bento da Cruz
«Agradeço, mais uma vez, um dia tão especial. Em casa seria um dia de tristeza mas, desta forma, tornou-se um dia de celebração e com um sabor especial. Gostei muito da obra. Trata-se de uma análise social e económica, com base no retrato ficcional que o meu pai fez na primeira metade do século passado nesta região».