Uma centena de estudantes de Arqueologia da Universidade do Minho está a realizar este mês trabalhos de campo em Albergaria-a-Velha (distrito de Aveiro), Arcos de Valdevez (distrito de Viana do Castelo), Braga, Terras de Bouro e Vila Verde (distrito de Braga). Estes alunos de licenciatura e de mestrado têm escavado e analisado vestígios de várias épocas históricas, no âmbito de estágios supervisionados e protocolados com os cinco municípios.
Nas atividades participam ainda alguns estudantes de História, a nível extracurricular, e das universidades Federal de Mato Grosso do Sul (Brasil) e Rovira i Virgili (Espanha). Diz a universidade em comunicado que ” tipo de intervenções é realizado há muitos anos em várias geografias, tendo da parte da UMinho o apoio do Departamento de História, do Instituto de Ciências Sociais, da Unidade de Arqueologia e do Laboratório de Paisagens, Património e Território.”
Em Albergaria-a-Velha, as campanhas decorrem desde 2014 no monte de São Julião, freguesia da Branca, tendo-se identificado restos da estrutura que delimitava há três mil anos o povoado, um monumento funerário (mamoa) e mais de 50.000 fragmentos de cerâmica, entre outros vestígios desde a Pré-História. O foco deste verão é a mamoa, devido à complexidade da sua estrutura e às suas múltiplas utilizações ao longo dos séculos. A ação envolve ainda o Centro de Arqueologia de Arouca e a 24 de julho, Dia Internacional da Arqueologia, o público vai ser convidado a contactar os arqueólogos e participar em atividades.
Nos Arcos de Valdevez, pesquisa-se desde 2018 a paisagem na freguesia do Extremo, tendo-se já identificado três fortes do século XVII, entre outros. Este ano pretende-se perceber como e quando se formaram os socalcos, analisar materiais arqueológicos e sementes antigas e verificar com os moradores as práticas agrícolas de outrora e os topónimos (caminhos, moinhos, canalizações…), segundo a investigadora Rebeca Blanco-Rotea. O Extremo tem também envolvido alunos de Arquitetura da UMinho e cientistas dos projetos internacionais Land-CST, Rurarq, Cultur-Monts e New Ruralities, tendo apoios como o laboratório IN2Past, a Xunta de Galicia, o Interreg e o Erasmus+.
No centro de Braga, as escavações decorrem na parte superior da Colina da Cividade e visam compreender a organização e cronologia daquelas construções da cidade romana de Bracara Augusta, que apontam para a sua ocupação entre os séculos I e VII. A coordenação cabe à professora Fernanda Magalhães. Naquela colina, estudada pela UMinho desde os anos 70 e que inclui teatro e termas romanos, a autarquia prevê a musealização do espaço, um centro interpretativo e um parque urbano para 2025/26.
Já em Terras de Bouro, a investigação incide na Geira Romana, um troço de 30km da via que ligava Braga a Astorga, onde está a maior concentração de marcos miliários do noroeste peninsular, além de pontes, muros e calçadas quase intactos. O município apoia no alojamento, refeições e transporte da equipa coordenada pela professora Helena Paula Carvalho, cedendo o Núcleo Museológico de Campo do Gerês para o trabalho de gabinete e o depósito do material de prospeção. Apoiada ainda pela tutela, a colaboração satisfaz os interesses de ensino e pesquisa académicos e de proteção, conservação e valorização do património local.
Por Vila Verde, as escavações no monte do Oural, junto ao rio Neiva, são conduzidas desde 2023 pela professora Ana Bettencourt e pelo arqueólogo Luciano Vilas Boas. Descobriu-se já uma mamoa ou anta com mais de 5000 anos e um aparente átrio para o seu interior, o que acentua o valor desse património funerário das primeiras comunidades de pastores e agricultores locais. Encontrou-se igualmente três monumentos megalíticos, restos de cerâmica e um conjunto de arte rupestre na zona envolvente. A autarquia perspetiva a musealização do espaço, contribuindo para a sua afirmação histórica, cultural e turística.