
A maioria silenciosa
Há poucos dias, a Santa Sé publicou o Annuario Pontificio 2025 e o Annuarium Statisticum Ecclesiae 2023, revelando os dados estatísticos da população católica no mundo.Verifica-se, segundo os dados apresentados, que os católicos no mundo são 1.406 milhões de pessoas, correspondendo a um aumento de 1,15%, somando mais 16 milhões de fiéis. A população católica cresceu nos cinco continentes, destacando-se a África com o maior aumento (+3,31%). Relativamente ao número de sacerdotes, na África e na Ásia o seu número aumenta. Por seu lado, na Europa, Oceânia e América diminuem. Globalmente, o número de religiosos professos e seminaristas maiores também registam uma diminuição significativa.A distribuição dos católicos por continente é de 20% na África, 47,8% na América, 11% na Ásia, 20,4% na Europa e 1,9% na Oceânia.O país com maior número de católicos continua a ser o Brasil com 182 milhões de fiéis, mas aqueles que registam uma incidência acima de 90% da sua população como católica são a Argentina, Colômbia, Paraguai, Itália, Polónia e Espanha.Durante esse período, uma Metrópole foi criada; três sedes episcopais foram elevadas a Sedes Metropolitanas; foram criadas sete novas dioceses; uma Sede Episcopal foi elevada a arquidiocese e uma Administração Apostólica a Diocese.Estes números revelam que, apesar da sensação que temos aqui, na velha Europa, o catolicismo continua a crescer e apresenta novas configurações e dinamismos.Vê-se que, em algumas latitudes, onde existem poucos sacerdotes e o rácio de sacerdote por mil habitantes é menor, as comunidades católicas crescem exponencialmente. Isto mostra à nossa Europa, que ainda congrega cerca de 38% do total de padres do mundo inteiro que o número de padres não é sinónimo de fé e de dinamismo e vida. Em todo mundo existem 406.996 sacerdotes. As comunidades congregam-se em torno de outros agentes pastorais.Os católicos são uma maioria silenciosa, mas empenhada na transformação da sociedade. A Igreja Católica é a maior organização sócio caritativa do mundo, com milhares de instituições de ensino e de saúde. E contra factos não há argumentos.Por vezes, parece que tudo está a declinar, mas o que seria do nosso país se a rede de instituições de solidariedade social ligadas à Igreja Católica desaparecesse de um dia para o outro ou se deixassem de exercer a sua missão de viver o amor ao próximo? Quantas pessoas ficariam sem assistência, alimentação, educação e cuidados…Os católicos constroem, silenciosamente, o reino de Deus na Terra. Vão fazendo surgir os novos céus e a nova Terra de que fala o livro do Apocalipse. Lançam sementes de um amanhã mais radioso.Esta maioria silenciosa, guiada pelo Espírito de Jesus, por vezes ferida pelas fraquezas do género humano, vai fazendo o caminho que o seu Mestre de Nazaré lhe legou: amai-vos uns aos outros como Eu vos amei.Se todos os membros desta maioria silenciosa vivessem como nos tempos apostólicos, muitos mais seriam, pois aquilo que fez com que multidões aderissem à fé foi o amor que os primeiros cristãos viviam e partilhavam. Os pagãos diziam: «olhai como eles se amam…»Contra os ventos e marés, a barca de Pedro segue para águas mais profundas e faz-se ao largo…Sérgio Carvalho